terça-feira, 14 de junho de 2011

Epígrafe: O Que É e Como Usá-la

O QUE É UMA EPÍGRAFE


Epígrafe, na antiguidade, eram inscrições feitas (especialmente pelos gregos e romanos) em pedras e monumentos. Porém, na atualidade, chamamos de epígrafe trechos de textos de outros autores que se costumam usar como indicativo de inspiração para um capítulo de um livro, ou para um poema, ou ainda para uma redação escolar. Epígrafe é, portanto, uma espécie de lema ou de bandeira que se coloca como um pré-texto, indicativo do assunto que será abordado ou do viés ideológico que predomina no texto.

COMO USAR A EPÍGRAFE

Uma epígrafe deve ser usada apenas se seu conteúdo mantiver uma relação pertinente com o conteúdo do texto que a segue. Caso não haja um vínculo temático entre a epígrafe e a obra que ela introduz, seu uso parecerá um jogo de retórica vazio, como se a pessoa que o usou quisesse demonstrar conhecimento.

A epígrafe deve ser citada textualmente entre aspas e deve conter a autoria e/ou a fonte de origem.

EXEMPLO DO USO DE EPÍGRAFE

"Veux-tu donc partir? Le jour est encore éloigné
C'était le rossignol et non pas l'aloustte
Dont le chant a frappé ton oreille inquiete;
Il chante la nuit sur les branches de ce grenadier,
Crois-moi, cher ami, c'était le rossignol".
    
                                   (SHAKESPEARE)

 
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
... Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se à estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,

Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
E noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua —
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
— São as asas do arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada

Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
CASTRO ALVES, poeta da terceira geração
do Romantismo brasileiro.
Neste poema, Castro Alves usou uma
passagem de Shakespeare, em francês, como epígrafe
para seu texto poético.
Das teclas de teu seio que harmonias,

Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite!, formosa Consuelo!...









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário!