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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nova acentuação dos grupos OO / EE

 



Quem nunca levou um  ralo (ainda existe essa gíria?) por ter se esquecido de acentuar vôo ou vêem?
Quem nunca ouviu um(a) professor(a) histericamente reforçar o primeiro O de en- jÔ – o, quase deixando a goela aparente, para reforçar a ideia (agora sem acento) de que esse O tinha um circunflexo?
Pois bem, histerias como essa são coisas do passado. Caiu o acento do primeiro O ou do primeiro E em palavras como creem, veem, voo e enjoo. Vale lembrar (como sempre) que a pronúncia não mudou.

Cabem também alguns outros lembretes, pois sei que muitos leitores e alunos ruminam essa dúvida: TEM e VEM continuam recebendo acento para indicar plural. Exemplos: Ele tem / Eles têm - Ela vem / Elas vêm .
Sei de uma pessoa neurótica (não, não sou eu) que continua acentuando o primeiro O de vôo e logo depois apaga o acento porque acha "hediondo", "quase um crime" não acentuar essa palavra...
Amigos leitores, não vale a pena lutar contra essas regras ortográficas (ou contra as mudanças delas), por mais que pareçam descabidas. Aceitem-nas e sigam em frente, acertando sempre!


 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que é catacrese?

Provavelmente, você já aprendeu na escola que Catacrese é uma figura de linguagem. E aprendeu certo: é um recurso de estilo em que ampliamos o sentido de uma palavra em um processo de analogia. Em outras palavras: catacrese é o uso de uma expressão com significado além daquilo que em geral costuma significar. Veja o exemplo retirado da obra D. Casmurro, de Machado de Assis:

"Como eu houvesse resolvido falar no cemitério, escrevi algumas linhas e mostrei-as em casa a José Dias, que as achou realmente dignas do morto e de mim. Pediu-me o papel, recitou lentamente o discurso, pesando as palavras, e confirmou a primeira opinião; no Flamengo espalhou a notícia."

O verbo espalhar, em seu sentido estrito, quer dizer "separar a palha de algo (de um cereal, por exemplo)". É o mesmo que despalhar. Porém, no trecho acima, Machado de Assis usou o verbo espalhar (por analogia) com o sentido de divulgar a notícia, como se ela fosse sendo lançada ao vento tal qual a palha que se retira de algum vegetal, dispersando-se.

Nesse sentido, a catacrese é um processo metafórico. De fato, o uso desgastado de algumas metáforas acabaram configurando catacreses: pé da mesa, bico do bule, braço do sofá, dente de alho, entre tantos outros.

É provável que essas utilizações sejam originadas pela falta de uma palavra específica para expressar aquilo que se pretendia dizer. É por isso que se considera catacrese um uso impróprio ou até abusivo de uma palavra. Aliás, em grego (Katákhresis) significa exatamente mau uso.

Em todo caso, a catacrese é um uso criativo e adaptativo a que os falantes da língua recorrem, segundo convém, para suprir uma lacuna no sistema linguístico que nem sempre disponibiliza todas as expressões necessárias para designar as coisas.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Crase

Crase é a combinação de dois sons idênticos e, em seguida, a contração desses sons. Em português moderno, ocorre crase com dois as (aa), em que o primeiro a é uma preposição e o segundo um artigo feminimo, um pronome demonstrativo ou a palavra aquele(a(s)). Veja os exemplos:

1- Chegarei às 10 h (preposição a + artigo as);
2- Ele não se referiu a esta caneta, mas à do seu irmão (preposição a + pronome demonstrativo a);
3- Ele foi àquela cidadezinha novamente (preposição a + aquela).


Na placa ao lado, na locução à esquerda de fato há crase de uma preposição + um artigo (aa). Porém, na expressão circulada só ocorre um artigo, pois o verbo manter não exige a preposição a. Quem mantém, mantém algo (no caso, a direita). Só haveria crase nessa locução se o verbo fosse acompanhado de um pronome (Mantenha-se à direita). Para mais um exemplo, clique aqui.



 
Fiz até aqui algumas breves explicações de crase para fins didáticos, o que interessa ao estudante da língua materna por diversos motivos, entre eles o fato de que crase é um dos tópicos gramaticais exigidos nos exames e concursos.

Mas, para além dessa descrição sincrônica, quero satisfazer a curiosidade daqueles que se interessam pelo fenômeno da linguagem um pouco mais a fundo.

Quando estudamos Gramática Histórica (ou Linguística Diacrônica), deparamo-nos com o fenômeno da crase no transcurso evolutivo da língua, entendida como a fusão de duas vogais idênticas, quaisquer que sejam. Observe o exemplo:

Considere a palavra pede (do latim). Essa palavra perde o d e vira pee. Por crase, os dois ee se fundem, o que origina pe, que modernamente é . Costumamos demonstrar o percurso assim: pede > pee > pe > (em que o sinal > significa evoluiu para). Interessante, não?

A título de curiosidade, quero finalizar lembrando que em Grego a crase é representada por um sinal diacrítico chamado corônis ('), igualzinho ao apóstrofo, que é colocado em cima da vogal em que há contração, diferentemente do caso da nossa língua, em que usamos o acento grave (`) para indicar crase.




segunda-feira, 30 de maio de 2011

Inauguração

Inaugurar significa colocar em funcionamento, dar início. É isto que estamos fazendo hoje: inaugurando um Blog cuja finalidade é oferecer dicas e soluções sobre as questões da linguagem em uma perspectiva moderna e funcional.

Este Blog, então, como seu título sugere, é uma espécie de local em que você, leitor, poderá se consultar, através das postagens periódicas, sobre suas angústias em relação à Gramática do Português, em relação a questões de Redação, de Literatura e também de Linguística.

Você poderá, via e-mail (consultoriodasletras@hotmail.com) deixar uma dúvida, uma pergunta, enfim, uma angústia sobre os assuntos tratados neste Blog. No momento oportuno, poderemos deixar uma postagem respondendo a algumas dessas questões consideradas pertinentes para a ocasião.

Postas, então, as bases e também os objetivos do Consultório das Letras, vamos em frente lembrando que, como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade:


"Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
[...]
Palavra,palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate."