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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Crase

Crase é a combinação de dois sons idênticos e, em seguida, a contração desses sons. Em português moderno, ocorre crase com dois as (aa), em que o primeiro a é uma preposição e o segundo um artigo feminimo, um pronome demonstrativo ou a palavra aquele(a(s)). Veja os exemplos:

1- Chegarei às 10 h (preposição a + artigo as);
2- Ele não se referiu a esta caneta, mas à do seu irmão (preposição a + pronome demonstrativo a);
3- Ele foi àquela cidadezinha novamente (preposição a + aquela).


Na placa ao lado, na locução à esquerda de fato há crase de uma preposição + um artigo (aa). Porém, na expressão circulada só ocorre um artigo, pois o verbo manter não exige a preposição a. Quem mantém, mantém algo (no caso, a direita). Só haveria crase nessa locução se o verbo fosse acompanhado de um pronome (Mantenha-se à direita). Para mais um exemplo, clique aqui.



 
Fiz até aqui algumas breves explicações de crase para fins didáticos, o que interessa ao estudante da língua materna por diversos motivos, entre eles o fato de que crase é um dos tópicos gramaticais exigidos nos exames e concursos.

Mas, para além dessa descrição sincrônica, quero satisfazer a curiosidade daqueles que se interessam pelo fenômeno da linguagem um pouco mais a fundo.

Quando estudamos Gramática Histórica (ou Linguística Diacrônica), deparamo-nos com o fenômeno da crase no transcurso evolutivo da língua, entendida como a fusão de duas vogais idênticas, quaisquer que sejam. Observe o exemplo:

Considere a palavra pede (do latim). Essa palavra perde o d e vira pee. Por crase, os dois ee se fundem, o que origina pe, que modernamente é . Costumamos demonstrar o percurso assim: pede > pee > pe > (em que o sinal > significa evoluiu para). Interessante, não?

A título de curiosidade, quero finalizar lembrando que em Grego a crase é representada por um sinal diacrítico chamado corônis ('), igualzinho ao apóstrofo, que é colocado em cima da vogal em que há contração, diferentemente do caso da nossa língua, em que usamos o acento grave (`) para indicar crase.




quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Que É Clivagem?

Clivar está associado a dividir. O substantivo correspondente a esse verbo, clivagem, tem uso em diversos ramos do conhecimento humano. Em psicologia, clivagem é uma espécie de cisão na organização psicológica do ser em nível de ego, em geral como mecanismo de defesa.  Em mineralogia, refere-se à fragmentação dos  mineirais; em biologia, remete à divisão celular dos embriões; nas ciências sociais, diz-se que clivagem é a separação que ocorre entre grupos sociais por razões diversas.

Em Linguística, clivagem é um recurso de realce: a clivagem coloca em destaque um elemento da frase. Para entender melhor, considere como forma básica:"Quero dormir". A correspondente clivada dela é "É dormir que eu quero". Outro exemplo: "Maria fez a torta". Clivada, fica: "Foi Maria que fez a torta".

Tecnicamente, a clivagem é o encaixamento de uma estrutura relativa em uma dada frase pelo uso do verbo ser mais a palavra que ou quem, de tal forma que o sintagma nominal da frase relativizada é retirado ou extraído, mais tecnicamente dizendo. A clivagem é, obviamente, um recurso importante na sintaxe do português moderno, e seu estudo tem contribuído muito para a elucidação das relações de correspondência ou de afinidade sintática de que se ocupa a Gramática Descritiva.