quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nova acentuação dos grupos OO / EE

 



Quem nunca levou um  ralo (ainda existe essa gíria?) por ter se esquecido de acentuar vôo ou vêem?
Quem nunca ouviu um(a) professor(a) histericamente reforçar o primeiro O de en- jÔ – o, quase deixando a goela aparente, para reforçar a ideia (agora sem acento) de que esse O tinha um circunflexo?
Pois bem, histerias como essa são coisas do passado. Caiu o acento do primeiro O ou do primeiro E em palavras como creem, veem, voo e enjoo. Vale lembrar (como sempre) que a pronúncia não mudou.

Cabem também alguns outros lembretes, pois sei que muitos leitores e alunos ruminam essa dúvida: TEM e VEM continuam recebendo acento para indicar plural. Exemplos: Ele tem / Eles têm - Ela vem / Elas vêm .
Sei de uma pessoa neurótica (não, não sou eu) que continua acentuando o primeiro O de vôo e logo depois apaga o acento porque acha "hediondo", "quase um crime" não acentuar essa palavra...
Amigos leitores, não vale a pena lutar contra essas regras ortográficas (ou contra as mudanças delas), por mais que pareçam descabidas. Aceitem-nas e sigam em frente, acertando sempre!


 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Acordo Ortográfico - 2

Com o novo acordo ortográfico, alguns acentos diferenciais (aqueles que serviam para desfazer qualquer possível confusão) não serão mais usados. Vejamos:

ANTES: pára (verbo), pêlo (cabelo), péla (verbo), pêra (fruta) e côa (verbo).

AGORA: para, pelo, pela, pera e coa.
Parece lógico dispensar esses acentos: afinal, o contexto é mais que suficiente para dirimir qualquer dúvida que possa haver. Ninguém imaginaria, por exemplo, que em uma frase como: "A moça foi elevada pelos cabelos" que a palavra PELOS fosse um verbo e não uma preposição com artigo, não é mesmo?

Entretanto, alguns acentos diferenciais foram mantidos. São eles:

Pôr (verbo) para diferenciar de Por (preposição)

Pôde (passado) para diferenciar do presente Pode

Fôrma (substantivo) para diferenciar da forma verbal Pode.
 
 
  
 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 13

Veja o anúncio de emprego ao lado: "Precisa-se de rapaz e moça maior". Logicamente você já percebeu o erro: deveria estar grafado: "rapaz e moça maiores", pois o adjetivo se refere aos dois, e não somente à moça.

Atenção à concordância nominal!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Errei, e Agora?

Hoje vou responder a estas perguntas (que me fazem recorrentemente):

1-"O que eu faço se eu errar ao passar a limpo a minha redação? "

2- "Posso usar corretivo líquido no texto, se eu errar?"

3- "Se eu errar uma palavra, posso colocá-la entre parênteses para indicar que eu me enganei?"


Pois bem: são perguntas diferentes, mas todas demonstram que os alunos querem saber qual é o procedimento correto caso cometam algum erro no texto definitivo (aquela versão que será apresentada para correção).

A resposta é bem simples: se acontecer de você errar uma palavra, ou mesmo um trecho, simplesmente passe um traço sobre o conteúdo errado e reescreva na frente a forma correta. Veja os exemplos:

a) "A caza casa era grande".

b) "As ideias eram muito boas foram bem elaboradas e, porisso, por isso, mereceram elogios".

Hipoteticamente, imagine que os produtores das passagens acima tenham querido mudar uma ideia (caso b) ou tenham se dado conta de que haviam cometido um erro de escrita (caso a e também b). A única coisa que eles precisam fazer é colocar um risco sobre a palavra ou trecho que deve ser desconsiderado e escrever na sequência a forma correta. Só isso!

Não é necessário rasurar o texto com rabiscos e borrões na tentativa de esconder o erro. Os corretores não levarão em conta o trecho que foi riscado: eles entendem que "errar é humano", como diz o pensamento popular!

Alguns acham (e já ouvi dizer que há quem ensine esta bobagem...) que devemos apenas colocar a palavra errada ou o trecho abandonado entre parênteses, para indicar que ele deve ser desconsiderado... Ora: uma das funções dos parênteses é acrescentar ideias, e não suprimi-las. Colocar o trecho descartável entre parênteses pode gerar sérios problemas de sentido ao texto!

Para finalizar, quero ressaltar que o uso de corretivos é proibido nas provas (pelo menos na maioria delas).

Sinta-se livre para corrigir o texto com elegância e limpeza!




terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 12

Na foto ao lado, parece que alguém confundiu residência com residencial. Uma simples leitura em voz alta teria sido suficiente para evitar o ridículo da situação, você concorda? Essa placa diz muito sobre o nível de alfabetização neste país!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 11

Qual é a finalidade dos sinais de pontuação? Eles servem (entre outros fatores) como facilitadores da leitura e, consequentemente, da decodificação da mensagem que se pretendeu transmitir por escrito.

Na faixa ao lado, faltam vírgulas que, de acordo com as normas, são obrigatórias após vocativos. Assim, o correto é:

"Pedestre, atravesse na faixa!" e "Motorista, respeite o pedestre!"

Como alternativa, podem-se usar os dois pontos em vez de vírgulas, o que tornaria a passagem ainda mais expressiva. Assim:

"Pedestre: atravesse na faixa!" e "Motorista: respeite o pedestre!"

Há recursos de expressão abundantes em Português. Faça uso deles e crie textos mais interessantes!



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Acordo Ortográfico - 1

Com o recente acordo ortográfico, os ditongos abertos (éi) e (ói) em palavras paroxítonas já não recebem o acento. Veja os exemplos:

antes do acordo: jóia - agora: joia
antes do acordo: idéia - agora: ideia
antes do acordo: jibóia - agora: jiboia

Assim, a palavra Lindoia na placa ao lado não leva mais acento.

Fique atento à nova ortografia!



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sicrano ou Siclano?

Já passei por muitas situações hilariantes por "nadar contra a maré" e insistir (como cabe aos professores de Português...) em usar a forma correta de algumas palavras (conforme a tradição gramatical). Certa vez, pedi à balconista da padaria "dez pãezinhos". Para meu espanto, a moça riu e repetiu em tom de correção: "dez pãozinhos"... Logicamente, o plural de "pãozinho" é  "pãezinhos", mas ela achou (imagino) que soava mal dois momentos plurais em uma mesma palavra.

Outra situação cômica envolveu a palavra "sicrano". É isso mesmo: o correto não é "siclano", mas sicrano, por mais que soe estranho aos ouvidos ou pareça errado. A frase era mais ou menos assim: Não foi o Fulano quem fez isso; foi o Sicrano... E os olhares de reprovação não cessaram até que eu expliquei, deliberadamente, percebendo a dúvida que pairou no ar, que o correto é sicrano, com R mesmo, e que essa palavra, de origem popular, significa em geral a segunda pessoa de uma tríade (Fulano, Sicrano e Beltrano). Aproveitei a ocasião e acrescentei que se escreve com S e não com C.

Fica aqui a dica: se perceber que vai causar dúvida nos ouvintes, mude a palavra no contexto, para não acontecer de você estar certo e aparentar ao olhar da opinião que está errado. Está valendo o ditado que diz que "é melhor prevenir do que remediar" (embora a regência correta neste dito popular deva ser "preferível prevenir a remediar").


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Como Abreviar Horário?

É bem simples a abreviação dos horários:

1- Usamos o(s) algarismo(s) correspondente(s) à hora;

2- Em seguida, colocamos a abreviação h (hora), min (minutos) ou s (segundos).

Exemplo: Ele chegou às 14h e 10min .

Note que a abreviação h deve ser escrita "colada" ao algarismo, sem ponto final.

 Esse é o modo de abreviar convencionado como correto. Mas nem sempre as pessoas seguem esses parâmetros. Veja o anúncio ao lado, afixado em um grande atacadista:


É mais econômico escrever dentro das normas:

das 7h às 22h / das 8h às 18h





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 10

 Conheço uma pessoa (culta, instruída, internacionalmente premiada) que, em início de carreira como executivo, dizia "interpletação" de texto, e não a forma correta "interpretação", porque achava que esse "pre" podia estar errado... Ele mesmo me contou, rindo de si mesmo, essa passagem de sua vida (e não pediu segredo)!

Acho que o que ocorreu no cartaz ao lado foi o mesmo "fenômeno": quem escreveu o anúncio promocional deve ter achado que faltava algo em "bandeja" (a forma correta), e acabou colocando um i onde não havia.

A palavra bandeja é derivada do verbo bandejar, e significava, inicialmente, uma espécie de abano de palha que se usava para limpar cereais, especialmente o trigo. Modernamente, usamos esse vocábulo para designar aqueles tabuleiros para serviço de mesa. Mas sem i, não esqueça!








quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que é catacrese?

Provavelmente, você já aprendeu na escola que Catacrese é uma figura de linguagem. E aprendeu certo: é um recurso de estilo em que ampliamos o sentido de uma palavra em um processo de analogia. Em outras palavras: catacrese é o uso de uma expressão com significado além daquilo que em geral costuma significar. Veja o exemplo retirado da obra D. Casmurro, de Machado de Assis:

"Como eu houvesse resolvido falar no cemitério, escrevi algumas linhas e mostrei-as em casa a José Dias, que as achou realmente dignas do morto e de mim. Pediu-me o papel, recitou lentamente o discurso, pesando as palavras, e confirmou a primeira opinião; no Flamengo espalhou a notícia."

O verbo espalhar, em seu sentido estrito, quer dizer "separar a palha de algo (de um cereal, por exemplo)". É o mesmo que despalhar. Porém, no trecho acima, Machado de Assis usou o verbo espalhar (por analogia) com o sentido de divulgar a notícia, como se ela fosse sendo lançada ao vento tal qual a palha que se retira de algum vegetal, dispersando-se.

Nesse sentido, a catacrese é um processo metafórico. De fato, o uso desgastado de algumas metáforas acabaram configurando catacreses: pé da mesa, bico do bule, braço do sofá, dente de alho, entre tantos outros.

É provável que essas utilizações sejam originadas pela falta de uma palavra específica para expressar aquilo que se pretendia dizer. É por isso que se considera catacrese um uso impróprio ou até abusivo de uma palavra. Aliás, em grego (Katákhresis) significa exatamente mau uso.

Em todo caso, a catacrese é um uso criativo e adaptativo a que os falantes da língua recorrem, segundo convém, para suprir uma lacuna no sistema linguístico que nem sempre disponibiliza todas as expressões necessárias para designar as coisas.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 9

Antes de numeral, só ocorre crase se ele estiver indicando hora. Desse modo, na placa ao lado há um erro no uso do acento grave. O correto é: "Retorno a 500 m" . É bom acrescentar que a abreviação de metros é um m minúsculo sem ponto. Fique atento!

Leia toda a série "Polícia da Língua".



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Crase

Crase é a combinação de dois sons idênticos e, em seguida, a contração desses sons. Em português moderno, ocorre crase com dois as (aa), em que o primeiro a é uma preposição e o segundo um artigo feminimo, um pronome demonstrativo ou a palavra aquele(a(s)). Veja os exemplos:

1- Chegarei às 10 h (preposição a + artigo as);
2- Ele não se referiu a esta caneta, mas à do seu irmão (preposição a + pronome demonstrativo a);
3- Ele foi àquela cidadezinha novamente (preposição a + aquela).


Na placa ao lado, na locução à esquerda de fato há crase de uma preposição + um artigo (aa). Porém, na expressão circulada só ocorre um artigo, pois o verbo manter não exige a preposição a. Quem mantém, mantém algo (no caso, a direita). Só haveria crase nessa locução se o verbo fosse acompanhado de um pronome (Mantenha-se à direita). Para mais um exemplo, clique aqui.



 
Fiz até aqui algumas breves explicações de crase para fins didáticos, o que interessa ao estudante da língua materna por diversos motivos, entre eles o fato de que crase é um dos tópicos gramaticais exigidos nos exames e concursos.

Mas, para além dessa descrição sincrônica, quero satisfazer a curiosidade daqueles que se interessam pelo fenômeno da linguagem um pouco mais a fundo.

Quando estudamos Gramática Histórica (ou Linguística Diacrônica), deparamo-nos com o fenômeno da crase no transcurso evolutivo da língua, entendida como a fusão de duas vogais idênticas, quaisquer que sejam. Observe o exemplo:

Considere a palavra pede (do latim). Essa palavra perde o d e vira pee. Por crase, os dois ee se fundem, o que origina pe, que modernamente é . Costumamos demonstrar o percurso assim: pede > pee > pe > (em que o sinal > significa evoluiu para). Interessante, não?

A título de curiosidade, quero finalizar lembrando que em Grego a crase é representada por um sinal diacrítico chamado corônis ('), igualzinho ao apóstrofo, que é colocado em cima da vogal em que há contração, diferentemente do caso da nossa língua, em que usamos o acento grave (`) para indicar crase.




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"Polícia da Língua" - 8


Sempre que usamos o acento grave (`) indicador de crase, assinalamos que ali há dois as (aa), como nos exemplos:

1) "Fui aa padaria", grafamos "Fui à padaria";

2) "Maria está aa porta", escrevemos "Maria está à porta".

Mas na placa de advertência ao lado, alguém exagerou: não existem ali dois as, mas um só. O correto é escrever "Reduza a velocidade". É melhor não pecar pelo excesso...

Veja toda a série "Polícia da Língua".