quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eufemismo e Disfemismo

Eufemismo é uma figura de linguagem que consiste na atenuação (suavização) de uma informação, por considerá-la demasiadamente imprópria para ser escancarada, seja por que motivo for (superstição, pudor, ética...). Leia o exemplo de eufemismo que retirei da Carta que Pêro Vaz de Caminha escreveu quando os portugueses chegaram ao Brasil, considerada a certidão de nascimento da Literatura Brasileira:

"(...) Ali andavam entre eles três ou quatro moças bem novinhas e gentis, com cabelo mui pretos e compridos pelas costas e suas vergonhas tão altas e tão saradinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha."

No excerto, ocorre duas vezes a palavra vergonha: na primeira vez em que é usada ("suas vergonhas"), essa palavra está em sentido conotativo, figurado: significa órgãos genitais, que foram eufemisticamente renomeados de "vergonhas". Já na segunda aparição da palavra vergonha ("não tínhamos nenhuma vergonha"), o vocábulo está em seu sentido literal, denotativo, significando que eles não ficaram encabulados com o que viram.

O contrário de eufemismo é o disfemismo, ou seja, a utilização de palavras grosseiras em vez de termos mais comuns para se referir a algo. Para exemplificar, considere as frases seguintes:

1- Maria faleceu.

2- Maria descansou desta vida.

3- Maria "bateu as botas".

Na frase 1, ocorre o uso denotativo da linguagem. Nas frases 2 e 3, ocorrem conotações. A diferença é que, em 2, há um eufemismo, enquanto que em 3 há um disfemismo.



quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Polícia da Língua" - 7

Estava em viagem quando me deparei com este pequeno cartaz afixado em um estabelecimento comercial. Não resisti e acabei trazendo para você, leitor, refletir um pouquinho sobre o uso dos sinais de pontuação. Para que eles servem? Obviamente, a pontuação deve ser bem utilizada, entre outros fatores, para facilitar a decodificação da mensagem. Mas neste nosso exemplar, para além disso, o produtor do texto usou os sinais como ... decoração da mensagem! Notou que os dois pontos foram usados três vezes, a rigor, sem necessidade? Vale a pena observar também o ponto final após um ponto de exclamação: haja neurose... Não pude deixar de associar essas utilizações, digamos, tão particulares dos sinais de pontuação a certa manifestação de um fenômeno psiquiátrico chamado toque! Bem, para finalizar, não poderia deixar de mencionar a ausência de acento na palavra água. Enfim, o cartazinho ficou pitoresco , mas nada digno de imitação... É bom ter cuidado com a criatividade fora de lugar!


terça-feira, 26 de julho de 2011

Os Dêiticos

Chamamos de dêiticos os elementos linguísticos que fazem referência ao falante, à situação de produção de um dado enunciado ou mesmo ao momento em que o enunciado é produzido. Em geral, funcionam como dêiticos os pronomes pessoais e demonstrativos, bem como os advérbios de lugar e de tempo, elementos que evidentemente se encarregam de "embrear" o enunciado, situando-o no contexto espaço-temporal em que se realiza.

Trata-se, pois, da utilização de palavras apontando para a situação em que o discurso é materializado. Por isso, é indispensável que haja o conhecimento partilhado dessa situação de produção para que os elementos dêiticos façam sentido na interação comunicativa.

Dependendo da localização do referente, um elemento linguístico pode ser classificado como dêitico ou como anafórico. Se o referente se localizar no texto, então o elemento que é usado para referir-se a ele é uma anáfora. Neste caso, ocorre uma remissão a um referente anteriormente citado e, por isso, passível de ser reconhecido pelo interlocutor.  Mas, estando o referente na situação comunicativa imediata, então o elemento linguístico de que se vale para apontá-lo é um dêitico.

Acesse a página no Facebook

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Polícia da Língua" - 6


Mesmo os grandes meios de comunicação, assessorados por profissionais competentes, vez ou outra deixam passar erros de escrita. Veja o vacilo do famoso site de notícias (que vou manter anônimo aqui por questão de ética): esqueceram-se da preposição EM. O correto é escrever: "Estúdio cria casa em que todos os ambientes têm prateleiras". Outro modo de corrigir o problema linguístico apontado é pelo uso da palavra ONDE: "Estúdio cria casa onde todos os ambientes têm prateleiras".






quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Polícia da Língua" - 5

Existe uma máxima que diz que "uma imagem vale por mil palavras". Esta fotografia confirma a máxima: ela fala por si mesma!

Conselho 1 - revise o texto antes de torná-lo definitivo;
Conselho 2 - contrate os serviços de quem domina a norma culta se o trabalho envolver escrita.




quarta-feira, 20 de julho de 2011

Redondilha Maior e Redondilha Menor

Chamamos de Redondilha Maior o verso com sete sílabas poéticas, e de Redondilha Menor os versos de cinco sílabas. As redondilhas foram muito usadas no Trovadorismo e no Humanismo em Portugal. As Cantigas Medievais e também o teatro vicentino se fizeram com amplo uso desse tipo de verso, que só foi preterido (pelo menos em parte) quando Sá de Miranda introduz em Portugal a Medida Nova, ou seja, os versos decassílabos em sonetos. Abaixo, deixei para você um exemplo de poema (três estrofes apenas de  Labirinto) em redondilha escrito por Camões:


Cor/re/ sem/ ve/la e/ sem/ le/me
o tempo desordenado,
dum grande vento levado;
o que perigo não teme
é de pouco exprimentado.
As rédeas trazem na mão
os que rédeas não tiveram:
vendo quando mal fizeram
a cobiça e ambição
disfarçados se acolheram.

A nau que se vai perder
destrue mil esperanças;
vejo o mau que vem a ter;
vejo perigos correr
quem não cuida que há mudanças.
Os que nunca sem sela andaram
na sela postos se vêm:
de fazer mal não deixaram;
de demónio hábito têm
os que o justo profanaram.

Que poderá vir a ser
o mal nunca refreado?
Anda, por certo, enganado
aquele que quer valer,
levando o caminho errado.
É para os bons confusão
ver que os maus prevaleceram;
posto que se detiveram
com esta simulação,
sempre castigos tiveram. (...)




terça-feira, 19 de julho de 2011

Soneto

Soneto é um tipo de poema que tem forma fixa: dois quartetos e dois tercetos, ou seja, duas estrofes de quatro versos e outras duas de três versos. A Medida Nova (decassílabos em sonetos) foi introduzida em Portugal por Sá de Miranda e substituiu o gosto artístico da época, que era o uso das redondilhas (versos de cinco ou sete sílabas poéticas), chamadas de Medida velha. Leia este soneto de Camões:


Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.


Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.


Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria




segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma Crônica Sobre Férias

Muitas pessoas têm me perguntado sobre a definição de crônica. Para atendê-las, quero recomendar a leitura desta crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre as férias. Crônica é isto: o cronista, partindo de um flash do cotidiano, tece uma reflexão pertinente e carregada de personalidade sobre um tema tão comum. E Drummond sabia fazer isso muito bem. Leia:

TIRAR FÉRIAS

A noção de férias está ligada a figuras de viagem, esporte, aplicações intensivas do corpo; quase nada a descanso.
As pessoas executam durante esse intervalo aquilo que não puderam fazer ao longo do ano; fazem "mais" alguma coisa, de sorte que não há férias, no sentido religioso e romano de suspensão de atividades. Matutando nisso, resolvi tirar férias e gozá-las como devem ser gozadas: sem esforço para torná-las amenas. A idéia de viagem foi expulsa do programa: é das iniciativas mais comprometedoras e tresloucadas que poderia tomar o trabalhador vacante. As viagens ou não existem, como é próprio da era do jato, em que somos transportados em velocidade superior à do nosso poder de percepção e de ruminação de impressões, ou existem demais como burocracia de passaporte, filas, falta de vaga em hotel, atrasos, moeda aviltada, alfândega, pneu estourado no ermo, que mais? Quanto à prática de esportes, sempre julguei de boa política deixá-la entregue a personalidades como Éder Jofre, Maria Ester Bueno ou Pelé, que dão o máximo. A performance desses ases satisfaz plenamente, e não seria eu num mês de férias que iria igualá-los ou sequer realçá-los pelo contraste. Bem sei que o esporte vale por si, não pelos campeonatos; mas também, como passatempo, carece de sentido. Pescar, caçar pequenos bichos da mata? Nunca. Se esporte e morte acabam pelo mesmo som, para mim nunca rimaram. Havia também os trabalhos, os famosos trabalhos que a gente deixa para quando repousar dos trabalhos comuns. Organizar originais de um livro. Escrever uma página de sustância (está pronta na cabeça, falta só botar o papel na máquina!). Pesquisar em arquivos. Arrumar papéis. Mudar os móveis de lugar. E os deveres adiados, tipo "visitar o primo reumático de Del Castilho". A idéia de conhecer o Rio, conhecer mesmo, que nos namora há 20 anos: tomar bondes esdrúxulos, subir morros, descobrir lagoas de madrugada. Por último, o sonho colorido dos gulosos, sacrificados durante o ano: comer desbragadamente pratos extraordinários, sem noção de tempo, saúde, dinheiro. Tudo aboli e fiz a experiência das férias propriamente ditas, que, como eliminação das atividades ordinárias e exteriores, pode parecer estado contemplativo ou exercício de ioga. Não é nada disso. Exatamente porque abrem mão de tudo, as boas férias não devem tender à concentração espiritual nem à contenção da vontade. São antes um deixar-se estar, sem petrificação. Levantar se mais tarde? Se não fizer calor; um direito nem sempre é um prazer. Ir ao Arpoador? Se ele nos chama realmente, não porque a manhã e a água estão livres. O mesmo quanto a diversões, muitas vezes menos divertidas do que a noção que temos delas.
Divertir-se é desviar-se, e não convém que nos desviemos das férias, enchendo o tempo com programas de férias. Deixemos que ele passe, sutil; não o ajudemos a passar. Há uma doçura imprevista em sentir-se flutuar na correnteza das horas, em sentir-se folha, reflexo, coisa levada; coisa que se sabe tal, coisa sabida mas preguiçosa. Se me pedirem para contar o que fiz afinal nestas férias, direi lealmente: ignoro. Aos convites disse não, alegando estar em férias, alegação tão forte como a de estar ocupadíssimo. O pensamento errou entre mil avenidas, não se deteve em nenhuma; cada dia amadureceu e caiu como um fruto. Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias. E agora, é trabalhar duro onze meses para merecer as inofensivas e deliciosas férias do não.
(Carlos Drummond de Andrade, Cadeira de Balanço,
13a. Edição, Livraria José Olympio Editora)



quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Polícia da Língua" - 4

Veja o anúncio típico do período junino fazendo jus ao que anuncia: "bolos caipira" por escrito pega mal, a menos que tenha sido uma estratégia de marketing para fazer crer que o bolo é genuinamente caipira...

Mas essa possibilidade não resiste a outro problema de norma culta que aparece no cartaz: nunca há crase antes de verbo, de forma que "A partir de ..." está grafado incorretamente.

Quero ainda ressaltar que não se devem colocar bolas nos is, mas pingos!

Só para constar: um cartaz assim como esse pertence ao gênero textual propagandístico e, por isso, deve ser sempre bem elaborado para que consiga cumprir seu objetivo, que é o de convencer o público de que vale a pena adquirir o produto anunciado. O meio (e o modo) continuam sendo a mensagem...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Conotação e Denotação


Liguagem denotativa é aquela em que se usam as palavras em seu sentido literal ou mais comum. Para exemplificar, leia o texto abaixo de Carlos Drummond de Andrade:
"A História de Chapeuzinho Vermelho sempre me pareceu mal contada, e não há  esperança de se conhecer exactamente o que se passou entre ela, a avozinha e o lobo.
Começa que Chapeuzinho jamais chegara depois do lobo, à choupana da avozinha. Ela vencera na escola o campeonato infantil de corrida a pé, e normalmente não andava a passo, mas com ligeireza de lebre. Por sua vez, o lobo se queixava de dores reumáticas, e foi isto, justamente, que fez Chapeuzinho condoer-se dele.
Estes são pormenores da história, ouvida por Tia Nicota, no começo do século, em Macaé. Segundo ali se dizia, Chapeuzinho e o lobo fizeram boa liga e resolveram casar-se. Ela estava persuadida de que o lobo era um príncipe encantado, e que o casamento o faria voltar ao estado natural. Seriam felizes, teriam gêmeos. A avozinha opôs-se ao enlace, e houve na choupana uma cena desagradável entre os três. O lobo não era absolutamente príncipe, e Chapeuzinho, unindo-se a ele, transformou-se em loba perfeita, que há tempos ainda uivava à noite, nas cercanias de Macaé".
 Aqui, a correlação lobo uivava está sendo usada em seu sentido literal, pois uivar é característico de lobos. Assim, dizemos que o uso do verbo uivar, nesse contexto, é denotativo. Já a linguagem conotativa é aquela em que se emprega um termo de forma figurada. Compare a passagem acima de Drummond com o seguinte excerto de Érico Veríssimo:
          
"Era uma melodia lenta e meio fúnebre. O agudo do som do instrumento penetrou Ana Terra como uma agulha, e ela se sentiu ferida, trespassada. Mas notas graves começaram a sair da flauta e aos poucos Ana foi percebendo a linha da melodia... Reagiu por alguns segundos, procurando não gostar dela, mas lentamente foi se entregando e deixando embalar. Sentiu então uma tristeza enorme, um desejo amolecido de chorar. (...)
De repente Ana Terra descobriu que aquela música estava exprimindo a tristeza que lhe vinha nos dias de inverno quando o vento assobiava e as árvores gemiam - nos dias de céu escuro em que, olhando a soledade dos campos, ela procurava dizer à mãe o que sentia no peito, mas não encontrava palavras para tanto. Agora a flauta do índio estava falando por ela..."   

Todos hão de concordar com o fato de que vento não assobia nem árvore geme. Esse recurso usado pelo grande escritor Érico Veríssimo se chama prosopopeia ou personificação, uma figura de linguagem que consistem em, figurativamente, atribuir características humanas a seres inanimados. Trata-se de um claro exemplo de conotação.



terça-feira, 12 de julho de 2011

Peão ou Pião?


Já ouviu falar em Festa do Peão? E Festa do Pião? Parece que na língua oral as duas palavras são pronunciadas do mesmo modo, e isso gera uma certa confusão na hora de escrevê-las.

Escrevemos pião (com i) quando nos referimos ao brinquedo que gira. Porém, se queremos fazer menção àquele trabalhador rural que conduz a boiada, amansa bestas, burros e cavalos, então o certo é escrever com e: peão. Essa palavra entrou no português pelo espanhol peón.

E, já que estamos falando em etimologia, quero registrar aqui que há em nossa língua a palavra peão oriunda do latim pedone e significa pedestre. Encaixam-se nessa versão os soldados e também a peça do jogo de xadrez.

Contudo, talvez o mais pitoresco seja mesmo a forma feminina que se recomenda para peão: pode ser peona...ou peoa! Escolha à vontade, só não confunda com peã, que vem do latim paean derivado do grego pian, e que é um hino a Apolo.



segunda-feira, 11 de julho de 2011

Berinjela, Maisena e Ortografia

Será que a grafia correta de berinjela é com j (como escrevi) ou é com g? A pergunta soa vazia, não é mesmo? Se fosse com g, eu não teria escrito com j... Mas o fato é que me fizeram essa perguntinha poucos dias atrás, e ela me fez refletir sobre a questão da dificuldade ortográfica que muitos sentem.

Para começar o assunto, é bom lembrarmos que as regras ortográficas são arbitrárias, isto é, foram estabelecidas em um dado momento, geralmente quando se sentiu que se deveria padronizar a escrita. Vale ressaltar, porque estamos nessa trilha, que nem sempre houve uma grafia padrão para o Português, e isto também vale para a imensa maioria dos idiomas.

O fato é que, pela necessidade de uniformização da escrita (que não cabe neste espaço trazer os detalhes), estabeleceram-se as normas ortográficas, que, via de regra, sofrem mudanças (também arbitrárias) de vez em quando. Há não muito tempo, maisena era frequentemente grafada como está na caixa do produto que leva esse nome: maizena. Modernamente, só se aceita grafá-la com s.

Acho que muitos têm dificuldade ao escrever certas palavras porque só as usam na fala. Quando se deparam com a necessidade de escrevê-las, acabam em dilema: é sessenta ou é sescenta? Logicamente é sessenta! Escreve-se seiscentos ou seissentos? Neste caso é seiscentos o correto.

Para finalizar esta breve reflexão, e a título de curiosidade, a palavra berinjela é de origem persa (badnjan) e entrou no vernáculo pelo árabe (badinjanâ). Já a palavra maisena vem da forma do taíno maís (tipo de milho graúdo) e entrou no Português pelo espanhol maíz. Perceberam por que se grafou com z por muito tempo?


quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Que É Clivagem?

Clivar está associado a dividir. O substantivo correspondente a esse verbo, clivagem, tem uso em diversos ramos do conhecimento humano. Em psicologia, clivagem é uma espécie de cisão na organização psicológica do ser em nível de ego, em geral como mecanismo de defesa.  Em mineralogia, refere-se à fragmentação dos  mineirais; em biologia, remete à divisão celular dos embriões; nas ciências sociais, diz-se que clivagem é a separação que ocorre entre grupos sociais por razões diversas.

Em Linguística, clivagem é um recurso de realce: a clivagem coloca em destaque um elemento da frase. Para entender melhor, considere como forma básica:"Quero dormir". A correspondente clivada dela é "É dormir que eu quero". Outro exemplo: "Maria fez a torta". Clivada, fica: "Foi Maria que fez a torta".

Tecnicamente, a clivagem é o encaixamento de uma estrutura relativa em uma dada frase pelo uso do verbo ser mais a palavra que ou quem, de tal forma que o sintagma nominal da frase relativizada é retirado ou extraído, mais tecnicamente dizendo. A clivagem é, obviamente, um recurso importante na sintaxe do português moderno, e seu estudo tem contribuído muito para a elucidação das relações de correspondência ou de afinidade sintática de que se ocupa a Gramática Descritiva.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Que É Verbo Impessoal?

É comum que se definam os verbos impessoais como aqueles que não têm sujeito. Acho que você já encontrou essa definição em algum livro ou material didático. Embora essa explicação não seja de todo precisa e criteriosa, ela dá conta de esclarecer que os verbos que são núcleos de uma oração sem sujeito são classificados de impessoais, pois  não concordam com nenhuma palavra. Por isso, eles são usados na terceira pessoa do singular.

Exemplos de verbos impessoais:

 1- Haver (no sentido de existir) - carros na garagem. / Havia flores no vaso.

2- Fazer (indicando tempo pretérito) - Faz anos que ele se mudou para Roma.

3- Verbos que expressam fenômenos (chover, nevar, gear, chover, relampejar, trovejar, ventar).

Choveu muito ontem.
 Nevará amanhã, segundo a previsão do tempo.
 Geou no Rio Grande do Sul no fim de semana.
 Venta muito nas regiões altas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Que é Logorreia?

Sempre uso a palavra logorreia porque ela desperta curiosidade e, não raramente, risos. Talvez por algum tipo de analogia, quem sabe... Mas não são muitos os que têm a iniciativa (ou a coragem) de perguntar explicitamente o significado dessa palavra.

Etimologicamente, logorreia vem do grego, em que lógos significa palavra e rhoía significa fluxo: daí logorreia, um verdadeiro derramamento verbal, uma incontinência de palavras, sem nenhuma cerimônia. Quem tem logorreia, em geral, não respeita a noção de lógica na apresentação do fluxo de ideias; nem mesmo se importa com a pertinência delas para a situação comunicativa em que está.

A logorreia pode ocorrer tanto na fala quanto na escrita, e é um fator de humor nas ocasiões em que dá o ar da graça... O texto logorreico é confuso e frequentemente cansativo por causa do acúmulo de informações.

Contra ela, o remédio é a máxima árcade: inutilia truncat (corte tudo o que é inútil, seja na fala, seja no texto escrito).

Veja também: "Prolixidade"




segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Polícia da Língua" - 3

Em um Shopping Center muito famoso, certa loja de grife renomada exibia, há algum tempo, o cartaz que reproduzi ao lado. Veja como falta um acento: segundo a regra de acentuação, todas as paroxítonas terminadas em i ou is devem receber acento. Assim, táxi, táxis, lápis e biquíni(s) são palavras que não dispensam o acento na penúltima sílaba. Vale a pena saber de memória as regras de acentuação!


Veja também: "Polícia da Língua" - 2