quinta-feira, 30 de junho de 2011

"Polícia da Língua" - 2

Flagrei esta placa em franca desobediência às regras de concordância nominal. Percebeu?

A regra é bem clara quanto ao uso da palavra "Proibido":

1- Se antes do nome houver um artigo, então Proibido concorda com o substantivo.

 Exemplo: "É proibida a permanência na sala de reuniões após a sessão . "

2- Porém, se não houver artigo antes do substantivo com o qual Proibido se relaciona na frase, esse adjetivo não varia.

Exemplo: "É proibido permanência na sala de reunião após a sessão."

Assim, do ponto de vista da norma culta escrita, o correto seria: "Proibida a entrada e a permanência de ambulantes no condomínio"

Vou deixar de lado, aqui, a questão da pertinência ou não de levar Proibida para o plural.

Mas na placa acima ainda há uma ressalva quanto à crase: quem está sujeito, está sujeito a algo. Este a é uma preposição. Logo após esta preposição, pode ocorrer um artigo a ligado à palavra apreensão: Sujeito aa (preposição + artigo) apreensão. Logo, mais aceitável é escrever Sujeito à apreensão, uma vez que no Português moderno usamos o acento grave para indicar a ocorrência da fusão (crase) de dois as.

Veja também: "Polícia da Língua" - 1


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Verbo de Ligação

Verbo é a palavra que pode ser conjugada. Dentre os verbos, há aqueles que são tradicionalmente classificados como verbos de ligação, ou seja, aqueles que (como encontramos em muitas gramáticas e livros didáticos) "servem" para ligar uma qualidade ao sujeito. São verbos que não denotam ação, mas apontam para um estado de coisas, como no exemplo: "A  moça é inteligente".

Aqui vai a lista dos principais verbos que podem ser de ligação: ser, estar, ficar, parecer, permanecer, continuar, andar, tornar-se, virar.

Esses verbos, logicamente, só funcionam como verbos de ligação em determinados contextos. Compare:

1- O cozinheiro virava uma fera toda terça-feira.

2- O cozinheiro virava os peixes na frigideira toda terça-feira.

Na frase 1, encontramos um verbo de ligação conectando o sujeito a uma qualidade metaforicamente construída (cozinheiro - fera). Já na frase 2 o verbo virar indica uma ação, um ato de cozinha, pois obviamente o cozinheiro não se tornava peixes às terças-feiras, mas fritava os peixes, virando-os na frigideira. Concorda?



terça-feira, 28 de junho de 2011

O que é Fábula?

Fábula é uma narrativa alegórica, geralmente curta, de origem oriental, em que se usam animais antropomorfizados para protagonizar um enredo de fundo moral.

Na Antiguidade Clássica, Esopo e Fedro fizeram nome nesse gênero. Mais modernamente, La Fontaine é o grande fabulista. No Brasil, Monteiro Lobato destaca-se no gênero.

As fábulas têm estrutura muito simples, e vários níveis de interpretação. Uma criança apreende com facilidade seu conteúdo mais concreto, e se diverte com ele. A mesma fábula, para um adulto, pode conter conceitos mais profundos quando se recuperam adequadamente as relações abstratas sugeridas entre os temas e as figuras da narrativa.

Veja como a Historiadora Marta Iansen usou uma conhecida fábula de Esopo para tecer uma reflexão historicamente pertinente: "O Que Esopo Tinha a Dizer Sobre as Relações Entre Desiguais".

Atualíssima a análise, não acharam? Literatura é isso: conexões.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Que É Prolixidade?

Sabe aquele texto enrolado, obscuro e quilométrico? Pois bem: ele é considerado um texto prolixo. Prolixidade é, assim, a capacidade (!!) que alguns têm de usar palavras em excesso para expressar poucas ideias. Ela torna o texto cansativo, enfadonho e obscuro. Algumas vezes, deixa passagens até engraçadas. Mais que um vício (como costuma ser classificada), a prolixidade é uma característica que pode ser modificada com técnicas especiais. Veja o exemplo abaixo, extraído de uma redação feita a partir de tema do Vestibular Unicamp 2002 e divulgado no site da Convest como exemplo de redação anulada:




"Devemos ter em mente que por trás de inocentes crianças, encontra-se um adulto, que tem por finalidade receber um capital, sem que esse dependa de seus próprios esforços. Certas atitudes exdrúxulas de adultos exploradores faz com que o futuro de nosso país (que são nossas crianças) vá imergindo num “oceano” de problemas, onde a solução para tais equívocos fique mais distante do que já se encontra".



Notaram como o trecho acima faz pouco sentido? Obviamente a anulação do texto não se deveu à prolixidade, mas este é um de seus problemas. A prolixidade pode, sim, "nocautear" a clareza do seu texto!

Algumas dicas para você evitar que seu texto seja prolixo:

1- Evite as inversões sintáticas pedantes e artificiais;

2- Escolha a simplicidade no uso da linguagem, dispensando expressões preciosas e rebuscadas somente para impressionar. A linguagem dissertativa, embora elaborada, deve parecer natural;

3- Seja objetivo e direto. Nada de expressões redundantes, nem palavras desnecessárias.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pigarro ou Pigarra?

As duas palavras existem na Língua Portuguesa. A diferença entre elas é o sentido:

1) Pigarra é uma espécie de doença que acomete aves, especialmente os galináceos;

2) Pigarro é catarro na garganta, algo específico do ser humano.

Assim, quem tem pigarra é galinha; pessoa tem pigarro na garganta!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Que é Gramática Tradicional?

Chamamos de Gramática Tradicional do Português o conjunto de regras, de reflexões e de classificações a respeito dessa língua, especialmente produzido nos moldes gregos e latinos. Por isso, calca-se a priori na manifestação escrita da linguagem, tomando como referência os escritores de renome que, segundo se considera, são exemplos dignos de imitação para se usar bem o idioma.

A Gramática Tradicional é, portanto, de cunho prescritivo: receita modos de expressão e distingue o certo do errado.  Sua preocupação não está em descrever os usos possíveis da língua, mas em  preservar e indicar como corretos e aceitáveis os usos tradicionalmente eleitos como paradigmas.

Obviamente, a Gramática Tradicional tem sido empregada como normatização do uso da Língua Portuguesa em situações formais. É nessa modalidade que estão escritos os trabalhos científicos e quase que a totalidade do conhecimento acumulado pelas nações de fala portuguesa.

Dominar os preceitos da Gramática Tradicional é pré-requisito para que se consigam compreender as obras literárias, especialmente as produzidas até o século XIX e inícios do século XX, bem como os compêndios de leis e tratados da civilização. A cidadania tal qual a conhecemos só é possível plenamente àqueles que são capazes de se valer desse código tradicional, que dá acesso às regras que regem a sociedade e as relações nela vigentes.



terça-feira, 21 de junho de 2011

O que é Onomatopeia?

Onomatopeia é um processo linguístico que consiste em uma tentativa de reproduzir na linguagem humana sons provenientes do ambiente ao redor. Tente localizar uma onomatopeia no excerto abaixo, extraído de Dom Casmurro (Machado de Assis):


"Com o tempo veio um fenômeno interessante. Pádua começou a falar da administração interina, não somente sem as saudades dos honorários, nem o vexame da perda, mas até com desvanecimento e orgulho. A administração ficou sendo a hégira, donde ele contava para diante e para trás.
--No tempo em que eu era administrador...
Ou então:
--Ah! sim, lembra-me, foi antes da minha administração, ou um dous meses antes... Ora espere; a minha administração começou. É isto, mês e meio antes; foi mês e meio antes, não foi mais".

Se você indicou a expressão Ah como onomatopaica, você acertou. Essa intejeição é originada na tentativa de imitar um som que emitimos para expressar espanto ou admiração, ou ainda alegria e contentamento, ou outras emoções que o contexto define bem.

As onomatopeias, de forma geral, são compreendidas universalmente porque reproduzem e imitam ruídos, sons relativos à natureza, à expressão humana,  ao canto de aves e grunhidos de animais. Elas são, ao mesmo tempo, uma figura de linguagem e um processo de formação de palavras novas. Assim, vocáblulos como bentevi, xixi e vuvuzela têm um toque onomatopaico inegável!







segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ao Invés De ou Em Vez De?

Parece absurdo, mas é verdade: já ouvi (mais de uma pessoa) dizer que sempre usa a expressão ao invés de porque a considera chique... Mas as palavras, nesse sentido, são como as roupas: só são chiques se estiverem adequamente utilizadas. Vamos desfazer a confusão entre ao invés de e em vez de. Para isso, analise comigo:

"Ao invés de revelar a alma, as palavras podem escondê-la, à vezes."

Será que neste contexto cabe ao invés de? Sim, certamente é essa expressão que devemos usar, pois ao invés de significa ao contrário. Deve ser usada sempre que houver elementos em oposição, como no caso acima (revelar / esconder ).

Porém, em vez de sempre quer dizer em lugar de. Veja como Machado de Assis usou esta expressão:
"Contei-lhes o namoro das andorinhas de fora, e acharam-lhe graça; Escobar declarou que, para ele, seria melhor se as andorinhas, em vez de trepadas no fio de arame, estivessem à mesa do jantar cozidas."

Resumindo: Ao invés de significa ao contrário deEm vez de significa em lugar de.
Para terminar, é bom lembrar que em vez de funciona em qualquer uma das situações, com ou sem oposição de ideias. Na dúvida, use-a em vez de errar!


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Polícia da Língua - 1

Em minhas andanças por este mundo, tenho colecionado verdadeiras pérolas quanto ao uso da norma culta escrita. Há algum tempo, em trânsito pelo interior do país, assustei-me com este painel de anúncio:

Vejamos: há um momento hilariante quanto ao uso da norma culta. Todos sabemos (ou deveríamos saber...) que, na escrita, não fica bem usar plural em apenas um dos elementos do sintagma, ou seja, não é adequado anunciar um produto ou serviço ostentando uma falha na concordância. Não dá para relevar "Estruturas Metálica", não é verdade?

Mas certamente este não é o único problema do anúncio ao lado: há outro que é, no mínimo, bizarro. Existe uma diferença muito grande entre Mosquiteiro e Mosqueteiro, não é? Mosquiteiro é uma espécie de dispositivo para impedir que mosquitos entrem, por exemplo, pela janela. E, logicamente, mosqueteiro é aquele que manuseia um mosquete, ou seja, uma arma de luta. O que seria, então, uma "tela mosqueteira"? Teria ela o poder de manipular um mosquete (e ao final dizer "touché"?).

Já pensou se a moda pega e  Os Três Mosqueteiros passam a ser Os Três Mosquiteiros (no combate, por exemplo, à dengue...)?


Veja também:

2- "Polícia da Língua" - 2
3- "Polícia da Língua" - 3
4- "Polícia da Língua" - 4
5- "Polícia da Língua" - 5








quarta-feira, 15 de junho de 2011

Apêndice Estuporado?

Você já ouviu dizer que alguém está com o apêndice estuporado? Bem, confesso que já ouvi essa bobagem algumas vezes, e precisei me segurar para não rir diante de notícia tão triste. Afinal, apendicite não é algo que se deseja a ninguém, não é mesmo?

Mas a questão é que não há apêndice estuporado, a menos que se queira dizer que o apêndice está tomado por estupor, paralisado. 
Porém, se a informação que se deseja transmitir é a de que o apêndice está vertendo pus, então o correto é usar o adjetivo supurado. Pus, sabe? Aquela substância amarelada que indica a presença de infecção.

Pois bem, não esqueça: Estuporado significa entorpecido, paralisado, em estado de estupor. Supurado refere-se a algo que está purulento.



terça-feira, 14 de junho de 2011

Epígrafe: O Que É e Como Usá-la

O QUE É UMA EPÍGRAFE


Epígrafe, na antiguidade, eram inscrições feitas (especialmente pelos gregos e romanos) em pedras e monumentos. Porém, na atualidade, chamamos de epígrafe trechos de textos de outros autores que se costumam usar como indicativo de inspiração para um capítulo de um livro, ou para um poema, ou ainda para uma redação escolar. Epígrafe é, portanto, uma espécie de lema ou de bandeira que se coloca como um pré-texto, indicativo do assunto que será abordado ou do viés ideológico que predomina no texto.

COMO USAR A EPÍGRAFE

Uma epígrafe deve ser usada apenas se seu conteúdo mantiver uma relação pertinente com o conteúdo do texto que a segue. Caso não haja um vínculo temático entre a epígrafe e a obra que ela introduz, seu uso parecerá um jogo de retórica vazio, como se a pessoa que o usou quisesse demonstrar conhecimento.

A epígrafe deve ser citada textualmente entre aspas e deve conter a autoria e/ou a fonte de origem.

EXEMPLO DO USO DE EPÍGRAFE

"Veux-tu donc partir? Le jour est encore éloigné
C'était le rossignol et non pas l'aloustte
Dont le chant a frappé ton oreille inquiete;
Il chante la nuit sur les branches de ce grenadier,
Crois-moi, cher ami, c'était le rossignol".
    
                                   (SHAKESPEARE)

 
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
... Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se à estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,

Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
E noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua —
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
— São as asas do arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada

Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
CASTRO ALVES, poeta da terceira geração
do Romantismo brasileiro.
Neste poema, Castro Alves usou uma
passagem de Shakespeare, em francês, como epígrafe
para seu texto poético.
Das teclas de teu seio que harmonias,

Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite!, formosa Consuelo!...









segunda-feira, 13 de junho de 2011

Incompreensível ou Incompreensivo?

Existem estas duas palavras: incompreensível e incompreensivo. Ambas são de natureza adjetiva, mas o significado de cada uma é bastante específico. Analise comigo:

a) "Paulo é incompreensivo".
b) "O rapaz falou algo incompreensível".

Na frase A, a ideia que se quer transmitir é a de que Paulo é alguém incapaz de compreender, ele não é compreensivo, não faz esforço para compreender, por exemplo, o ponto de vista de outra pessoa.

Já na frase B temos uma situação em que não compreendemos o que foi dito pelo rapaz: suas palavras não puderam ser entendidas.

Em resumo: incompreensível diz respeito a algo que é difícil de compreender, enquanto que incompreensivo remete a alguém que não sabe compreender.




quinta-feira, 9 de junho de 2011

Como Começar a Redação?

Muitos têm trauma de fazer redação porque não sabem como começá-la. Na verdade, não existe uma fórmula para iniciar um texto, do mesmo modo como não existem fórmulas textuais. O que há são padrões estruturais inerentes a cada tipo de texto.

Porém, ainda que não haja uma fórmula mágica para começar sua redação, existem procedimentos que ajudam muito na produção do primeiro parágrafo dissertativo. Vamos a eles:

1- O primeiro parágrafo da dissertação pode ser uma tese, ou seja, ele pode conter aquilo que você pretende analisar durante o texto;

2- Essa tese pode ser composta por dois tipos de informações:

a) apresentação do assunto central tematizado;
b) apresentação do objetivo do seu texto.

Leia o exemplo abaixo:


Tema: A Pena de Morte dever implantada no Brasil?


"Sempre que ocorrem crimes hediondos, como o assassinato de crianças, parcela significativa da sociedade brasileira não demora a clamar por punições mais rígidas e, frequentemente, posiciona-se em favor da adoção da pena capital. Entretanto, ainda que esse tipo de punição possa parecer intimidatório, punir criminosos com a morte é antes atacar a manifestação da violência, e não as suas raízes".

No exemplo acima, o redator apresentou o tema (pena de morte) e estabeleceu o objetivo de seu texto (ele vai defender que a pena de morte não elimina o que gera a violência).

Esse é um exemplo de um início adequado de dissertação.

Pratique!




quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tiritar e Tilintar

Tiritar significa tremer repetidamente. Veja o exemplo:


"Uma carroça rápida estorvou alto os ruídos da rua. Involuntariamente o telefone tiritou. O patrão Vasques, em vez de retroceder para o escritório, avançou para o aparelho da sala grande. Houve um repouso e um silêncio e a chuva caía como um pesadelo". (Fernado Pessoa)


Tilintar é soar. " O relógio tilintou", quer dizer, sua campainha soou. O poeta Augusto dos Anjos usou essa palavra assim em um de seus poemas:

"Canta teu riso esplêndido sonata,
E há, no teu riso de anjos encantados,
Como que um doce tilintar de prata
E a vibração de mil cristais quebrados" (...)

Mas não tenhamos ilusão: assim como hoje os telefones já não são como nos tempos de Fernando Pessoa, também se prefere o verbo soar ao verbo tilintar; do mesmo modo, é mais atual usar tremer em vez de tiritar... Logicamente, o gênero textual e a situação de comunicação determinam em grande parte o vocábulo que se deve usar em cada contexto.



terça-feira, 7 de junho de 2011

Como Dar Título ao Texto

Muita gente desesperada com a questão do título para a redação. Não sem causa, pois um título inadequado gera incoerência no texto.

Vamos às orientções práticas para a produção de um título aceitável:

1- O título é a primeira pista que se disponibiliza ao leitor sobre o assunto tratado no texto. Assim, ele deve conter as palavras-chave que desvendam a temática abordada;

2- Para conseguir tais palavras-chave, releia o primeiro parágrafo de sua dissertação e grife os termos que sintetizam a ideia central do parágrafo;

3- Organize esses termos de modo a conseguir uma frase-síntese (curta) que remeta ao conteúdo que você desenvolveu na sua redação.

4- Cuide para que o título não seja longo: três ou quatro palavras são capazes de ar conta do recado!

Lembre-se de que a prática leva à perfeição (ou a bem perto dela!) :)




segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eminente ou Iminente?

Iminente é um adjetivo que se refere a algo que vai ocorrer em breve. Assim, dizemos que um evento é iminente quando sua ocorrência é inevitável e acontecerá logo.

Exemplo: O garoto precisa ser operado com urgência, pois há risco iminente para sua vida.

No entanto, emimente diz respeito a algo ou alguém ilustre, notável.

Exemplo: Nosso colega foi convidado a assumir um cargo eminente na empresa

Para não restar dúvida, compare:

A vitória do eminente (ilustre, admirável) tenista é iminente (está prestes a ocorrer).

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Acender ou Ascender?

Qual das frases abaixo está corretamente grafada?

1- Ascenda a fogueira, menino!

2- Acenda a fogueira, menino!

Bem, se a ordem dada ao menino significa que ele deve colocar fogo na lenha, fazer uma fogueira, então a frase 2 está grafada corretamente, pois:


Acender = ater fogo
Ascender = subir
Exemplo: O rapaz abriu a mão e os balões ascenderam (= subiram).


Só para constar:

O substantivo relativo a Acender é acendimento.

O substantivo referente a Ascender é ascensão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aspirar

O verbo aspirar tem dois significados:

1- Desejar, almejar: Ele aspira ao cargo de Presidente novamente...
Notou como, neste caso, usamos a preposição a após o verbo? Quem aspira (almeja), aspira a algo.

Mas aspirar é também:

2- Sorver, sugar: Ele aspirou o pó do escritório.
Neste caso, não se usa preposição.


Resumindo: Aspirar a = desejar; Aspirar algo (sem preposição) = sorver, respirar, sugar.

Descrição ou Discrição?

Quando uma pessoa é recatada, reservada, circunspecta, dizemos que ela tem descrição ou discrição?

Bem, naturalmente essa pessoa (como qualquer outra) tem descrição, no sentido de que pode ser descrita. Isso mesmo: descrição é aquele tipo de texto em que se enumeram as qualidades e características de algo ou alguém. Nesse sentido, ela tem descrição.

Quanta discrição! :)






Mas o correto é dizer que ela tem discrição se estivermos pensando em alguém que prefere não se exibir ou chamar a atenção para si. Discrição, portanto, é a qualidade de ser discreto.

Para não esquecer: Descrição está associada a descrever. Discrição diz respeito a ser discreto.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Enjambement

Enjambement  é um encadeamento sintático entre um verso e outro, quase que se pode dizer um transbordamento em que a última palavra do verso se liga à primeira palavra do próximo verso. Assim:


"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!


Você com certeza conseguiu identificar com facilidade o recurso enjambement no trecho da Cantiga Medieval acima: notou como o primeiro verso flui, sintática e semanticamente, para o segundo verso? Isso é enjambement: fazer com que a unidade se complete no verso seguinte, encadeando-os sintaticamente.

Esse procedimento de estilo foi muito usado na Idade Média. Deixado em segundo plano nos séculos XVII e XVIII, é modernamente um recurso muito presente nas composições poéticas. Veja uma questão que a UNIFESP propôs há algum tempo em seu vestibular: 



O processo estilístico em que um verso se estende no outro, sintática e semanticamente, é conhecido como encavalgamento, cavalgamento ou, muitas vezes, pelo termo francês enjambement. Esse recurso é freqüente na estrutura do texto poemático. As estrofes da poesia-canção de Djavan, por exemplo, têm seus versos quase que inteiramente estruturados por esse processo. Indique a alternativa em que não ocorre encavalgamento:

a) Meu bem-querer / É segredo, é sagrado,
b) Meu bem-querer / Tem um quê de pecado
c) E o que é o sofrer / Para mim, que estou
d) Acariciado pela emoção. / Meu bem-querer, meu    encanto,
e) Para mim, que estou / Jurado p’ra morrer de amor?

Enjambement também é conhecido como
"cavalgamento".
Qual é a resposta correta, na sua opinião? Logicamente é a opção D, pois nela cada verso é uma unidade, sem nada "cavalgando" no próximo verso, sem transbordamentos...Pelo menos sintáticos...  :)










Concerto ou Conserto?

"Durante o concerto, a pianista precisou realizar consertos no instrumento". Será que a grafia das palavras destacadas está correta?

Para ter certeza, siga a regra:

1- Conserto - substantivo que significa reparo;

2- Concerto - substantivo que indica apresentação musical.


Assim, conclui-se que a frase está corretamente grafada. Mas fica uma dica: melhor seria substituir a palavra consertos por um sinônimo para garantir a clareza da frase e evitar ruídos na comunicação.